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sexta-feira, 9 de março de 2012

O Futuro do Livro

Um dos medos mais recentes do mercado editorial é exatamente o que vai acontecer com o futuro do livro, especificamente, com o futuro do livro em papel.
Sem querer parecer visionária nem admiradora, respondo: Não acontecerá nada a curto prazo, nem a longo prazo.
    Pois é desde o século XVI que o livro de papel não teve sua estrutura original modificada. Se sequer não mudou a estrutura, quem dirá em acabar? Mesmo com  a inclusão da tecnologia e com grandes sites de pesquisas e enciclopédias Online , seria praticamente impossível. A história comprova que todas as vezes que uma nova tecnologia surge, ela é sentida como ameaça pelos outros meios já existentes. Foi assim com a pintura quando surgiu a fotografia. Que medo é esse? O avião não matou o navio, ônibus não matou o trem. O elevador suprimiu as escadas? Hoje elas são muitas vezes mais usadas que os próprios elevadores. E por que a cisma de pensar que o livro pode acabar? Pode ser que a questão não esteja no livro, e sim na leitura. Lê-se cada vez menos. Acredito que o assunto-problema do ‘fim do livro’ não esteja tão somente no escudo ‘tecnologia’, talvez o problema esteja na própria sociedade, ou na forma de governá-la.
    As coisas então mais simples hoje, e muito rápidas. As teclas de atalhos dos computadores de estudantes universitários que o digam. Pesquisas não são mais feitas nas salas de bibliotecas, em meio aqueles livros encardidos e cheios de poeira. A internet veio para facilitar, e digo mais, veio para retardar esse processo de aprendizado com a leitura que todos deveriam ter. Este, talvez, um dos motivos da deficiente formação das crianças neste país. Seria uma parte do problema daquelas que têm a possibilidade de acesso a esses tão ricos meios de informação. O que dizer então daqueles que não tem nada, além da vontade de aprender? Felipe Lindoso, em seu artigo sobre o assunto, resume: O BRASIL É UM PAÍS INJUSTO. Repito e assino embaixo. É visível o crescimento econômico do país no século XXI, mas a desigualdade persiste em alto nível. É uma nação que apresenta problemas em relação aos seus pobres e injustiçados brasileiros. E apresentará enquanto isso não for erradicado de uma vez por todas. Se o acesso aos livros didáticos, para aqueles mal atendidos no sistema público de educação, está impossível, o que dizer da tão luxuosa inclusão digital? Por que não ir mais calmamente com tudo isso? Por que não levar o conhecimento para cada gente desse Brasil? Talvez seja essa ganância por querer mostrar ser um país em desenvolvimento, esquecendo o resto que temos nos interiores de estados tão pobres.  Algumas ONGs existem para tomar  conta daquilo que o governo local ‘não mete a mão’. Muitas das 200 mil espalhadas no Brasil são voltadas para educação e inclusão da literatura nas comunidades mais carentes. Mas só isso não basta.
     Acredito que deveriam sim dar atenção a importância que a biblioteca pública tem. A sociedade há muito tempo não tem sido motivada a esse ritmo intelectual. E aqueles que tinham esse interesse foram beneficiados ao conforto que o mundo da internet hoje proporcionou. O real acesso aos livros deveria ser na escola, em primeiro lugar. Eu apoiaria, completamente, a inclusão da literatura e de uma biblioteca, digo ‘boa biblioteca’, em cada escola pública do país, assim se tornaria mais uma biblioteca pública, e melhor, com acesso muito mais facilitado.
    A humanidade chegou ao século XXI  com uma riqueza que nunca se viu. O mundo da tecnologia e da medicina nunca foi tão inovador nem tão cheio de promessas. Ainda assim vivemos as desigualdades sociais todos os dias. Saber o que vai se tornar um montante de papel encapados por um papelão é prever demais. Mas dizer que ele está em extinção é um palpite muito arriscado. Foi temeroso tanto quanto foi para a TV com a chegada do cinema, e nem por isso ela deixou de ser a mídia mais acessada nos dias de hoje. De certa forma, cada inovação foi entrando no seu mercado enfrentando pequenos tropeços como qualquer novo veículo – principalmente de comunicação- e o resultado final foi o espantoso crescimento do mercado cultural e do entretenimento. O que dá pra se saber é que o livro foi, e sempre será o melhor lugar para  guardar, permanentemente, conteúdos que não veremos a 200 anos adiante. Por isso tomo as finais palavras de Felipe Lindoso e acrescento: o futuro do livro no Brasil não será a sua extinção. Será o que sempre foi: livres para aqueles que poderão comprá-los; sombrio e trágico para aqueles que talvez mais precisarem do acesso, e talvez, nunca terão.

Por Natália Arantes

2 comentários:

  1. Excelente colocação. Pra mim o livro terá seu espaço sempre. Parabens

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  2. Gostei bastante do seu post. Alguns pontos são improtantes serem discutidos nele, que são:
    1 - As novas tecnologias realmente traz incertezas, pois o novo é amedaçador para o velho que carrega suas inseguranças. A nova tecnologia não restringe ou tole as tecnologias que já existem. Pois quem diria que o computador e a web 2.0 seria o meio de convergência da escrita com a audiovisual?

    2 - O "X" da questãp o verdadeiro problema é a concentração, a desigualdade é um dos resultantes da concentração. A mais forte a cancentração de renda, que desiquilibra a balança das oportunidades. Claro que com a a concentração de renda, temos a concentração de cultura, de educaçã, conhecimento e muitas outras. Enquanto vivermos numa comunidade mundial que não é comuna, ou seja, que viva em comunidade, que pensa no coletivo vamos sempre ter essa disparidade culturalécônomica-política.

    3 - o futuro do livro não está destinado a sumir ou não, pois o conhecimento é intangível e secular.

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